1. Em dia de sábado, Jesus atra­vessava umas plantações; seus discípulos iam colhendo espigas (de trigo), debulhavam-nas na mão e comiam.

2. Alguns dos fariseus lhes di­ziam: “Por que fazeis o que não é permitido no sábado?”.

3. Jesus respondeu: “Acaso não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os seus companheiros;

4. como entrou na casa de Deus e tomou os pães da proposição e deles comeu e deu de comer aos seus companheiros, se bem que só aos sacerdotes era permitido comê-los?”*

5. E ajuntou: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”. (= Mt 12,9-14 = Mc 3,1-6)

6. Em outro dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e ensinava. Achava-se ali um homem que tinha a mão direita seca.

7. Ora, os escribas e os fariseus observavam Jesus para ver se ele curaria no dia de sábado. Eles teriam então pretexto para acusá-lo.

8. Mas Jesus conhecia os pensamentos deles e disse ao homem que tinha a mão seca: “Levanta-te e põe-te em pé, aqui no meio”. Ele se levantou e ficou em pé.

9. Disse-lhes Jesus: “Pergunto-vos se no sábado é permitido fazer o bem ou o mal; salvar a vida, ou deixá-la perecer”.

10. E, relanceando os olhos sobre todos, disse ao homem: “Estende tua mão”. Ele a estendeu, e foi-lhe restabelecida a mão.

11. Mas eles encheram-se de furor e indagavam uns aos outros o que fariam a Jesus. (= Mt 10,1-4; 12,15-21 = Mc 3,13-19)

12. Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus.

13. Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dentre eles que chamou de apóstolos:

14. Simão, a quem deu o sobrenome de Pedro; André, seu irmão; Tiago, João, Filipe, Barto­lomeu,

15. Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu; Simão, chamado Zelador;

16. Judas, irmão de Tiago; e Judas Iscariotes, aquele que foi o traidor. Multidão de discípulos

17. Descendo com eles, parou numa planície. Aí se achava um grande número de seus discípulos e uma grande multidão de pessoas vindas da Judeia, de Jerusalém, da região marítima, de Tiro e Sidônia, que tinham vindo para ouvi-lo e serem curadas de suas en­fermidades.

18. E os que eram atormentados dos espíritos imundos ficavam livres.

19. Todo o povo procurava tocá-lo, pois saía dele uma força que os curava a todos. (= Mt 5ss)

20. Então, ele ergueu os olhos para os seus discípulos e disse: “Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus!*

21. Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis fartos! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis!

22. Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, vos expulsarem, vos ultrajarem, e quando repelirem o vosso nome como infa­me por causa do Filho do Homem!

23. Alegrai-vos naquele dia e exultai, porque grande é o vosso galardão no céu. Era assim que os pais deles tratavam os profetas.

24. Mas ai de vós, ricos, porque tendes a vossa consolação!

25. Ai de vós, que estais fartos, porque vireis a ter fome! Ai de vós, que agora rides, porque gemereis e chorareis!

26. Ai de vós, quando vos louvarem os homens, porque assim faziam os pais deles aos falsos profetas!

27. Digo-vos a vós que me ouvis: amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam,

28. abençoai os que vos maldizem e orai pelos que vos injuriam.

29. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra. E ao que te tirar a capa, não impeças de levar também a túnica.

30. Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho reclames.

31. O que quereis que os homens vos façam, fazei-o também a eles.*

32. Se amais os que vos amam, que recompensa mereceis? Também os pecadores amam aqueles que os amam.

33. E se fazeis bem aos que vos fazem bem, que recompensa mereceis? Pois o mesmo fazem também os pecadores.

34. Se emprestais àqueles de quem esperais receber, que recompensa mereceis? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto.

35. Pelo contrário, amai os vossos inimigos, fazei bem e emprestai, sem daí esperar nada. E grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, porque ele é bom para com os ingratos e maus.

36. Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.

37. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados;

38. dai, e vos será dado. Será colocada em vosso regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também”.

39. Propôs-lhes também esta comparação: Pode acaso um cego guiar outro cego? Não cairão ambos na cova?

40. O discípulo não é supe­rior ao mestre; mas todo discípulo perfeito será como o seu mestre.

41. Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão e não reparas na trave que está no teu olho?

42. Ou como podes dizer a teu irmão: Deixa-me, irmão, tirar de teu olho o argueiro, quando tu não vês a trave no teu olho? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e depois enxergarás para tirar o argueiro do olho de teu irmão.

43. “Uma árvore boa não dá frutos maus, uma árvore má não dá bom fruto.

44. Porquanto cada árvore se conhece pelo seu fruto. Não se colhem figos dos espi­nheiros, nem se apanham uvas dos abrolhos.

45. O homem bom tira coisas boas do bom tesouro do seu coração, e o homem mau tira coisas más do seu mau tesouro, porque a boca fala daquilo de que o coração está cheio.

46. Por que me chamais: Senhor, Senhor... e não fazeis o que digo?

47. Todo aquele que vem a mim ouve as minhas palavras e as prati­ca, eu vos mostrarei a quem é semelhante.

48. É semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou bem fundo e pôs os alicerces sobre a rocha. As águas transbordaram, precipitaram-se as torrentes contra aquela casa e não a puderam abalar, porque ela estava bem cons­truída.

49. Mas aquele que as ouve e não as observa é seme­lhante ao homem que construiu a sua casa sobre a terra movediça, sem alicerces. A torrente investiu contra ela, e ela logo ruiu; e grande foi a ruína daquela casa.” (= Mt 8,5-13)

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