22. O Cativeiro da Babilônia

  1. O PROFETA EZEQUIEL
    O Senhor levou Ezequiel ao meio de um campo cheio de ossos e disse-lhe: "Dize aos ossos secos que voltem à vida". Ezequiel assim fez. Ouviu-se um ruído, os ossos aproximaram-se um dos outros, pondo-se cada um na sua juntura e revestiram-se de músculos e de carne. Mas faltava-lhes o espírito da vida. Então o Senhor disse: "Dize ao espírito: 'vem, ó espírito de vida, sopra sobre estes mortos para que eles revivam'". Ezequiel assim fez e o espírito de vida animou os ossos e levantou-se um exército inumerável.
    O Senhor disse: "Estes ossos são a casa de Israel. Eles dizem: 'secaram os nossos ossos, pereceu a nossa esperança, estamos perdidos!'. Mas eu declaro: abrirei os vossos túmulos e vos reconduzirei à terra de Israel. Infundirei em vós o meu espírito e vós vivereis; e então sabereis que eu sou o Senhor!" (Ez 37,1.14).
    O regresso de Israel à vida nacional prefigurava a futura ressurreição dos mortos.

  2. DANIEL RECUSA-SE A TRANSGREDIR A LEI
    Daniel e seus companheiros Ananias, Mizael e Azarias eram do grupo dos jovens da linhagem de príncipes que o rei da Babilônia queria aproveitar para o seu serviço. Mandou ensinar-lhes a escrita e a língua dos caldeus e quis que lhes servissem iguarias da sua mesa e vinho que ele próprio bebia.
    Como não queria ofender a Deus, comendo alimentos proibidos, Daniel pediu ao mordomo que lhe desse de outros, assim como aos seus três amigos. O mordomo disse-lhe: "Tenho medo do rei, meu amo. Se ele vos vê mais magros que os outros jovens da vossa idade, isso custar-me-á a vida". Daniel respondeu: "Fazei uma experiência: durante dez dias dai-nos somente legumes como comida e água como bebida e depois vereis quem tem melhor aspecto: nós ou os outros jovens, e procedereis como entenderdes".
    O mordomo consentiu na experiência. Passados os dez dias, os quatro jovens tinham melhor aspecto que os outros. Por isso, continuou a dar-lhes somente legumes e água. Deus deu-lhe ainda mais inteligência e sabedoria.
    Ao fim dos três anos, foram à presença do rei e ele achou-os mais sábios e entendidos que os outros e admitiu-os ao seu serviço.

  3. DANIEL INTERPRETA UM SONHO
    Nabucodonosor estava em seu segundo ano de reinado quando teve um sonho. Mas, ao acordar, foi-lhe impossível reconstituir a visão. Convocou os magos e adivinhos para lhe dizerem que sonho era e qual a sua explicação. Os adivinhos disseram-lhe: "Não há homem no mundo que possa dizer qual foi o sonho do rei". Muito irritado, o rei condenou-os à morte.
    Daniel e seus companheiros recorreram à oração. E, de noite, Deus deu-lhe a conhecer a visão misteriosa. Daniel disse ao rei: "Só Deus que está nos céus revela os segredos. Ele mostrou-vos o que vai acontecer. No vosso sonho, ó rei, vistes uma grande estátua que tinha a cabeça de ouro, o peito e os braços de prata, o ventre e as coxas de cobre, as pernas de ferro e os pés metade de ferro e metade de barro. De repente, uma pedra se desprendeu do monte e foi bater nos pés da estátua. E, enquanto esta ficava reduzida a pó, a pedra transformava-se num grande monte que encheu toda a terra. Eis a explicação do vosso sonho: vós sois o rei dos reis. O Deus do céu deu-vos o império universal - a cabeça de ouro sois vós. Depois de vós, levantar-se-á outro reino, menor que o vosso - que será de prata - e um terceiro - que será de cobre - e mandará em toda a terra. O quarto reino será como ferro: assim como o ferro quebra todas as coisas, assim ele esmagará todos os outros. Mas, ao mesmo tempo, será fraco pois vistes os pés metade de ferro e metade de barro. Enfim, o próprio Deus suscitará um reino que dominará todos os outros e que subsistirá eternamente". Então o rei disse: "O teu Deus é verdadeiramente o Deus supremo: é Ele quem revela os mistérios". E elevou Daniel às maiores honras e deu-lhe magníficos presentes.

  4. DEUS PROTEGE OS TRÊS AMIGOS DE DANIEL
    Nabucodonosor mandou erigir uma estátua de ouro, com 66 côvados de altura e ordenou que todos a adorassem. Todos se prostraram, exceto Ananias, Mizael e Azarias.
    Disse-lhes o rei: "Se não prostrares, sereis lançados numa fornalha ardente!". Eles responderam: "O nosso Deus pode tirar-nos da fornalha e, mesmo que não o faça, ficai sabendo, ó rei, que nunca adoraremos a vossa estátua!". Então o rei ordenou que aquecessem a fornalha sete vezes mais que de costume e que lançassem nela os jovens hebreus, vestidos e amarrados. Mas um anjo desceu à fornalha para proteger os jovens. E eles passeavam por entre as chamas, cantando louvores ao Senhor.
    Ao ver isto, o rei ficou admirado e disse: "Não lançamos na fornalha três homens amarrados? Mas eu vejo quatro homens soltos passeando no meio das chamas e o quarto parece um anjo". Aproximou-se então da fornalha e gritou: "Saí, servos do Deus excelso!". E eles saíram com as vestes intactas e nem um só fio de cabelo se tinha queimado.
    Nabucodonosor exclamou: "Bendito seja o Deus deles, que enviou o seu anjo e livrou os seus servos! Quem blasfemar este Deus seja punido de morte porque não há outro que possa salvar assim".
    Então o rei cumulou de honras Daniel e os seus companheiros e mandou publicar este prodígio em todo o reino.

  5. DEUS PROTEGE DANIEL NA COVA DOS LEÕES
    Dario, rei da Babilônia, mandou publicar este edito: "Durante 30 dias é proibido rezar, seja a quem for, exceto ao rei. Quem não obedecer será lançado na cova dos leões".
    Daniel continuou a orar, como de costume, e os seus inimigos o denunciaram ao rei que, apesar de gostar de Daniel, teve de ceder. Daniel foi lançado na cova dos leões. De madrugada, o rei foi à cova dos leões e gritou: "Daniel, servo do Deus vivo, o teu Deus livrou-te dos leões?". Daniel respondeu: "Ó rei, vivei eternamente! O meu Deus enviou o seu anjo que fechou as bocas dos leões para que não me fizessem mal".
    Muito contente, o rei mandou retirar Daniel da cova dos leões e não se encontrou nele a mais pequena ferida porque confiara em Deus.
    Então, por ordem do rei, foram lançados na cova os denunciantes com suas mulheres e filhos. E ainda não tinham atingido o fundo do pavimento quando os leões se lançaram contra eles e os despedaçaram.
    Então o rei mandou que todos os povos do reino soubessem: "Respeite-se em todo o meu império o Deus de Israel porque ele é o Deus vivo, o Deus que subsistirá por todos os séculos e o seu reino jamais será destruído".

  6. DANIEL PREDIZ A VINDA DO MESSIAS
    O arcanjo Gabriel, protetor do povo escolhido, disse a Daniel da parte de Deus: "Presta atenção ao que vou te dizer: setenta semanas foram decretadas sobre o teu povo e sobre a cidade santa. Desde a publicação do decreto para se reconstruir Jerusalém até ao Rei Messias haverá sete semanas e 62 semanas (de anos). E passadas as 62 semanas, o Messias será morto e não será seu povo quem o negar. A cidade e o santuário serão destruídos pelo capitão de um povo que há de vir e o seu fim será a ruína total. Após o fim da guerra, virá a desolação decretada".



“As almas não são oferecidas como dom; compram-se. Vós ignorais quanto custaram a Jesus. É sempre com a mesma moeda que é preciso pagá-las”. São Padre Pio de Pietrelcina